por Fred Ferreira
Nossos avós ou até os pais deles, mesmo sem saber, já estudavam os hábitos de consumo dos seus clientes. Talvez para eles isso fosse apenas saber do que o freguês gostava e, com essas informações, procurar agradá-los e vender cada vez mais. O fato é que, com o passar do tempo, e com o fim da era industrial e início da era da informação, tudo ficou público, e as informações, disponíveis. De repente, com dois ou três cliques, você sabe o prato preferido de uma pessoa, se ela precisa praticar mais atividade física ou se está namorando, e com essas informações pode prever se ela precisará comprar algo de presente no próximo Dia dos Namorados, por exemplo. É muito comum ainda se assustar quando, de forma despretensiosa, você vir ou curtir no YouTube algumas das principais jogadas do Roger Federer – tenista recordista de títulos de Grand Slam – e começar a ser bombardeado com ofertas que vão desde raquetes de tênis até videoaulas milagrosas para “Ser um Federer em apenas 15 dias e surpreender seus amigos”.
Os hábitos de consumo são hoje ferramenta fundamental para que grandes empresas consigam melhorar os seus produtos e transformá-los em campeões de vendas. Quando entendemos o modo de compra de cada consumidor, analisando sua classe social, faixa etária e cultura, os resultados podem ser muito mais assertivos nas ações de marketing e até na linha de produtos com que trabalhamos. Muitas coisas além da sazonalidade e das datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal, influenciam os consumidores. Um indício de crise econômica, por exemplo, mesmo antes de realmente afetar o bolso do consumidor, já altera o seu modo de pensar e consumir em curto prazo.
Tantos dados e informações tornam cada vez mais possível entender o hábito de comprar dos consumidores brasileiros, mas, se você está nos Estados Unidos e pensa que a fórmula é a mesma, se engana. Por mais que alguns costumes sejam parecidos, os americanos têm um sentimento muito forte que influencia em muito as suas decisões: o patriotismo.
Eles amam o seu país de forma intensa. Não estou falando que todos os americanos são radicais e nacionalistas, mas a verdade é que todos cresceram aprendendo a respeitar e amar a sua pátria, e essa fidelidade ao seu país e aos seus princípios influencia diretamente os seus hábitos. Um exemplo disso é a dificuldade de algumas empresas estrangeiras de firmar seus produtos aqui, ou de uma nova marca de hambúrguer ganhar espaço entre as empresas que os americanos já conhecem e, principalmente, com as quais se fidelizaram. O consumidor americano, em sua maioria, costuma ser fiel aos locais em que consome, e mudar esse costume exige estratégia, paciência e capital.
Por isso, se você deseja entrar no mercado dos Estados Unidos, fica uma dica: sei que nós, brasileiros, somos criativos e inovadores, mas não tente fazer os americanos aceitarem um produto novo, vendido de forma diferente, em embalagem nova, pois será muito difícil. Tente estar o mais próximo possível da realidade deles. Você pode, sim, criar uma linha com alguns produtos diferentes, mas faça a maioria dos produtos iguais aos que eles já estão acostumados a pedir. Tente nomeá-los com os nomes com os quais já estão acostumados, e venda da forma como eles já sabem comprar.
Lembre-se de que o americano é fiel aos seus costumes. Trate seu produto e negócio com essa inteligência, e eles também serão fiéis aos seus produtos.