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sexta-feira, março 29, 2024

Onde os fracos não tem vez – na revista Facebrasil 60

Quando a sede não é de água, e sim de diversão, o deserto de Abu Dhabi tem outro oásis como salvação, um que atende pelo nome de Yas Island, uma ilha artificial acessível por vias terrestres, marítimas ou aéreas.

Com custo estimado na casa dos 40 bilhões de dólares, a capital do entretenimento no Oriente Médio reúne, em 25 km², diversas opções de lazer para quem gosta de viver em alta velocidade – literalmente, já que algumas das principais atrações da ilha são ligadas ao esporte mais rápido do mundo: a Fórmula 1.

Com obras concluídas em março de 2009, o Yas Circuit não precisou de muitas voltas para se tornar uma das pistas prediletas do torneio mundial da modalidade. Tanto que, neste ano, é ele o palco da final da F1, ocupando o lugar de destaque que antes seria de Interlagos, em São Paulo.

Cada centavo dos 2 bilhões de dólares investidos nesse circuito de 5,5 km foi sabiamente empregado, e as evidências estão por todos os lados, dentro e fora da pista, para que todos os 60 mil expectadores possam ver e comprovar a superioridade do autódromo detentor de diversos recordes, entre eles o de ter a maior reta do mundo e a curva mais fechada também. Apesar do zigue-zague, os pilotos conseguem desenvolver uma velocidade média de 195 km/h – e a velocidade máxima foi de 352 km/h, conquistada recentemente pela McLaren.

Tudo o que escapa dos olhos do público não escapa do setor de qualidade de Abu Dhabi: os famosos trailers das equipes são proibidos ali, e, no lugar deles, vilas completas foram instaladas à beira da marina. Conexão à internet, cozinha completa e diversos cômodos – que podem virar quarto, ao bel-prazer do time – fazem desses alojamentos verdadeiros hotéis. Apesar das mordomias, pernoites não são permitidos, e todas as 18 vilas são encaradas como uma ferramenta de apoio para cada escuderia.

Outro ponto que merece destaque no circuito é o sistema de iluminação, provavelmente o mais moderno (e caro) do mundo. Os responsáveis pelo autódromo garantem que as luzes ali fazem a noite virar dia e que quem está correndo na pista nem sequer consegue perceber a diferença.

Na época do torneio da F1 por ali, Abu Dhabi costuma receber também diversos eventos relativos a arte e música, sediando shows de grande porte, como o de Beyoncé, Jay Z e muito mais.

Os motivos que fazem de Yas um dos queridinhos da FIA se estendem aos bastidores, uma vez que todas as 87 garagens são impecáveis e a sala de controle, com mais de 40 televisores, é um case no setor.

Para aumentar a adrenalina, o circuito é percorrido no sentido anti-horário, o que não impediu o alemão Sebastien Vettel de estabelecer o recorde da pista, em 2009, concluindo o trajeto em apenas 1min40s.

Tamanho esforço pode ser encarado como uma maneira de ganhar dinheiro com o esporte e turismo, mas, pelo menos por enquanto, tudo não passa de um grande esforço para divulgar o potencial de Abu Dhabi – e isso explica o valor do ingresso (450 dólares para os quatro dias de prova da Fórmula 1 e mega show de um artista internacional).

Mesmo fora da temporada, o Yas Circuit continua sendo uma das principais atrações da ilha e de Abu Dhabi, já que suas curvas podem ser percorridas por qualquer visitante corajoso disposto a acelerar fundo uma Ferrari, um Camaro ou até um carro de F1 mesmo. Apesar das diversas alternativas, é o Aston Martin o campeão de pedidos – talvez porque seja o único com câmbio automático.

Homens e mulheres de qualquer idade, desde que em posse de suas devidas carteiras de motoristas, podem se aventurar no circuito. Quem preferir acompanhar tudo de um ângulo ainda mais profissional, pode optar por ir ao lado de um piloto profissional – e, nesse caso, crianças estão também liberadas, contanto que atendam às regulamentações de peso e altura mínimos. Seja ao volante, seja no banco do passageiro, a “brincadeira” dura em média 20 minutos, tempo que se gasta para percorrer a pista por quatro ou cinco vezes.

Mas a experiência não estaria completa sem passar pelo famoso pit-stop, e aqui o treinamento é bastante real: grupos assumem as ferramentas e brigam contra o cronômetro para trocar pneus e reabastecer o carro, tal qual manda o figurino. Embora muitas das tentativas sejam dignas de riso, algumas podem se levadas bastante a sério, sendo que a equipe mais rápida ali realizou todos os passos do protocolo em menos de 5 segundos. Além de entreter, o pit-stop nos lembra da importância do trabalho em equipe, e, por isso, diversas empresas escalam funcionários para passar algumas horas brincando ali. Famílias e amigos também dividem momentos catárticos nessa prova contra o relógio.

A batalha contra o tempo continua no Ferrari World, o maior parque temático indoor do mundo, mas, dessa vez, é um pouco diferente: a briga é para que os ponteiros corram os mais devagar possível, para que se tenha tempo de aproveitar todas as atrações do parque, aberto de terça a domingo, das 11h às 20h, e em algumas segundas, dependendo da ocasião – por isso, é melhor programar sua visita de acordo com o calendário oficial, disponível no site do parque.

O ingresso para adultos e crianças maiores de 1,30 metro custa aproximadamente 70 dólares, enquanto crianças abaixo dessa estatura pagam 57 dólares. A entrada é gratuita para crianças com 3 anos ou menos. Uma opção premium, que dá direito ao “fast track” – que economiza os tempos na fila –, está disponível por 125 dólares para adultos, 100 dólares para crianças menores de 1,30 m – e, de novo, crianças com 3 anos ou menos não pagam nada.

A segunda opção é bastante recomendável para quem deseja aproveitar ao máximo os 20 brinquedos do parque, sendo 17 no pavilhão e três na área externa – sendo alguns deles apenas para crianças.

Entre os mais “pedidos” do parque, estão o G-Force, um elevador de queda livre de 62 metros, que garante muita adrenalina e uma vista incrível de toda a Yas Island; a montanha-russa Fiorano GT Challenge, que simula uma disputa entre dois carrinhos, que percorrem trilhos paralelos simultaneamente. O trajeto tem 1.080 metros, e, durante todo o percurso, os carros ficam duelando: às vezes o amarelo está na frente e às vezes o vermelho lidera a disputa. Não há nenhuma queda muito alta; a emoção fica por conta das curvas feitas em alta velocidade (95 km/h) e do cruzamento entre os carrinhos. Para aproveitá-la por completo, é preciso ir duas vezes, uma em cada carrinho. Por fim, a grande atração do Ferrari World, a montanha-russa mais rápida do mundo e a sexta mais extensa: a Formula Rossa, que desenvolve até 240 km/h de velocidade máxima e garante muita adrenalina pelos 2 quilômetros de trilho. Inaugurada em novembro de 2010, a atração fez até o bicampeão de Fórmula 1 Fernando Alonso sentir bastante medo. Em um vídeo inaugural do brinquedo, o piloto espanhol e seu então companheiro de equipe Felipe Massa ocupavam os primeiros assentos da montanha-russa e mostraram que é preciso coragem para encarar a brincadeira. Mais do que o medo, Alonso perdeu também o celular, as chaves e a carteira, que “voaram” de seu bolso logo nos primeiros segundos a bordo da Formula Rossa, tamanho seu impulso.

Simuladores, pistas de kart, cinema 4D e exposições completam o hall de atrações do parque, que é todo climatizado, essencial para aguentar o calor dos Emirados Árabes durante o alto verão. Fora das brincadeiras, o complexo traz ainda cinco opções de restaurantes, com chefs gabaritados, e duas lojas que vendem souvenires e produtos da Ferrari.

Mas se o interesse em Yas Island é fazer compras, o melhor mesmo é atravessar a rua à frente do Ferrari World e conferir de perto o maior shopping de Abu Dhabi, o Yas Mall, que reúne mais de 400 marcas nacionais e internacionais, 60 restaurantes e 20 salas de cinema. Árvores reais e projeto desenvolvido para explorar o máximo de luz natural fazem com que nos sintamos ao ar livre mesmo dentro desse complexo, que merece a vista pelas opções de compras e pelo projeto arquitetônico, feito da forma mais sustentável possível.

Se nada substitui a vida outside, o melhor mesmo é aproveitar o sol forte de Abu Dhabi para deslizar pelos tobogãs do Yas Waterworld, um parque aquático premiado antes mesmo de sua inauguração. Ocupando uma área total de 15 hectares, oferece 43 atrações de diferentes intensidades, para que a família toda possa se divertir.

Quem não tem medo de grandes quedas podem testar limites no Jebel Drop, o ponto mais alto do parque e a opção mais emocionante também. Para radicalizar ainda mais, o Liwa Loop é um dos primeiros escorregadores com looping de parques aquáticos no Oriente Médio. A diversão continua ao se deslizar pelos três picos do Hamlool’s Humps ou em outros escorregadores com ou sem boias.

Para aqueles que não abrem mão da terra firme e seca – ou para quem quer descansar um pouco no meio da tarde –, a dica é alugar uma das cabines à beira da piscina, onde um grupo de até seis pessoas pode se refrescar com o ar de ventiladores e usufruir de um serviço exclusivo, com drinques e comida.

Seja lá qual for o motivo que o leve a Yas Island, saiba que o dia perfeito se encerra com um brinde no bar da cobertura do Hotel Viceroy, que oferece, além de coquetéis exclusivos e pratos estrelados, uma vista privilegiada da ilha que promete ser refúgio ao tédio da rotina, alagando de adrenalina os corações que não se importam de quebrar limites de velocidade.

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