Eu sempre me preocupo em escrever sobre um tópico de interesse para cada edição da Facebrasil. Não é uma tarefa fácil, pois, à medida que as edições se multiplicam, quero trazer algo interessante no campo da saúde e, ao mesmo tempo, novo, que eu não tenha escrito em edições anteriores.
Com o dia a dia da prática médica, fica mais fácil determinar o assunto do momento – diabetes, prevenção do câncer de mama, ebola. Mas também é importante trazer à tona assuntos que orientem a população, como o uso do hormônio de crescimento em crianças.
Toda criança deve fazer no mínimo uma visita preventiva por ano, a partir dos 2 anos (antes dessa idade, a frequência recomendada pela Academia de Pediatria é maior), para monitorar o crescimento, peso e avaliação física e nutricional. Durante essas visitas, o pediatra comunicará aos pais – por meio do gráfico de crescimento – se a criança está dentro dos padrões esperados para a idade. Muitas vezes, vejo pais frustrados por terem filhos com estatura abaixo da dos colegas de escola – ou, até mesmo, em parques de diversão, crianças da mesma idade experimentam a decepção de um colega ser barrado na montanha-russa porque não tem a “altura mínima” para entrar na atração.
Para casos como esses, muitos pais estão procurando endócrinos-pediatras para aconselhamento e iniciação de injeções de hormônio de crescimento. Esse tratamento tão controverso, de uma década para cá, é utilizado cada vez mais para proporcionar uma estatura maior a crianças que estão abaixo da linha de crescimento para a idade e não têm causa determinada para isso (não há qualquer patologia que seja a causa, e há níveis de hormônio de crescimento normais no sangue).
O resultado desse tipo de tratamento é obtido em curto prazo – em torno de um ano –, e crianças que anteriormente não desenvolveriam certa estatura conseguem adquirir uma altura bem maior que o previsto nos gráficos de desenvolvimento.
É importante ressaltar que nem todas as crianças respondem ao hormônio, mas vale a pena tentar. O tratamento muitas vezes não é coberto pelo seguro de saúde – quando não existe deficiência do hormônio – e não é barato. Mas vale tudo para garantir a felicidade e a autoconfiança de um futuro adulto.
Lilian Alevato é médica especializada em cardiologia, medicina interna e administração em saúde. A carioca trabalha há 15 anos na área de Managed Care, Compliance e Qualidade, tendo desenvolvido inúmeros projetos relacionados ao gerenciamento de cuidados a pacientes em estado crônico.
Revista Facebrasil – Edição 46 – 2014



