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domingo, outubro 26, 2025

O brasileiro que criou um carro elétrico antes do Tesla – na revista Facebrasil 105

por Doris Nogueira

A venda de automóveis elétricos de alto desempenho contribuiu para que a Tesla se tornasse a montadora mais valiosa do mundo. Mas, engana-se quem pensa que os carros elétricos são novidade, ou mesmo invenção do bilionário Elon Musk. Os primeiros modelos surgiram no século XIX. 

Na década de 70, o brasileiro João Conrado do Amaral Gurgel, lançou o primeiro carro elétrico da América Latina. 

O engenheiro não acreditava no Proálcool, porque achava que as terras férteis deveriam produzir alimentos e que não fazia sentido subsidiar o álcool enquanto o Brasil exportava gasolina barata. Para ele, a energia do futuro era a elétrica.

Tão sonhador quanto empreendedor, Amaral Gurgel foi o pioneiro de uma indústria automobilística 100% nacional, fundada em 1969. Seus produtos sempre tiveram nomes com forte apelo nacionalista, de origem indígena em tupi-guarani: Ipanema, Tocantins, Itaipu, Xavante e Carajás. De sua fábrica, inicialmente em São Paulo, e depois no interior paulista, na cidade de Rio Claro, saíram 40 mil carros em quase 25 anos de produção ininterrupta. Exportou para quase todos os países latino-americanos, incluindo Nicarágua, Jamaica e Panamá, e também para a Arábia Saudita. 

O primeiro carro elétrico da Gurgel, lançado em 1974, foi o Itaipu E150 – tinha a forma de um trapézio e carroceria de fibra de vidro. O veículo era movido por um motor elétrico de 3,2 kW, equivalente a 4,2 cv e alimentado por 10 baterias: três na frente, duas atrás dos bancos e mais cinco na traseira. A autonomia era de 60 a 80 km a uma velocidade máxima de 50 km/h e a recarga completa levava 10 horas. O modelo minimalista de apenas dois lugares teve 27 protótipos produzidos. 

Em 1980, Amaral Gurgel apostou no Itaipu E400, um furgão elétrico com motor equivalente 11 cv, alimentado por oito baterias que levavam até dez horas para serem recarregadas. A velocidade máxima era de 70 km/h e autonomia de até 100 km no modo econômico, que limitava a velocidade a 45 km/h. O modelo chegou a equipar frotas de companhias de eletricidade, mas as baterias com muito peso e pouca capacidade de carga, não permitiam uma autonomia satisfatória. 

A montadora Gurgel declarou falência  em 1994, após a abertura do mercado automotivo promovida pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Porém, a trajetória e a contribuição do visionário engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel – que faleceu em 2009 – ficarão marcadas para sempre na história da indústria automobilística brasileira.

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