20.7 C
Orlando
domingo, janeiro 19, 2025

Maduro promete entregar atas e diz que opositores têm que estar ‘atrás das grades’

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ofereceu nesta quarta-feira (31) entregar “100% das atas” das eleições questionadas que resultaram em sua reeleição e assegurou que os líderes opositores, que denunciam fraude, “deveriam estar atrás das grades”.

A opositora María Corina Machado e seu candidato presidencial, Edmundo González Urrutia, asseguram que venceram as eleições e denunciam uma escalada da repressão que deixou desde segunda-feira pelo menos 11 civis mortos e dezenas de feridos, além de mais de mil detidos, segundo o governo.

“Disse, como chefe político, filho do comandante [Hugo] Chávez, que o Grande Polo Patriótico e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos para apresentar 100% das atas. Muito em breve todos saberão, porque Deus está conosco e as provas já apareceram”, disse Maduro a jornalistas na sede do Tribunal Supremo de Justiça, onde apresentou um recurso legal.

O governante socialista foi reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos, contra 44% de González, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo.

A oposição, no entanto, assegura que tem cópias de 84% das atas de votação para demonstrar uma fraude.

Em Caracas, Pedro García, um funcionário administrativo de 54 anos, diz que quer saber “qual foi a realidade desta eleição”. “Ainda há muito medo”, adverte.

“Atrás das grades” 

Após a proclamação por parte do Conselho Nacional Eleitoral de Maduro como presidente reeleito, na segunda-feira eclodiram protestos em Caracas e outras cidades da Venezuela, deixando pelo menos onze civis mortos, segundo organismos de defesa dos direitos humanos.

Machado denunciou nesta quarta-feira “a escalada cruel e repressiva do regime” e assegurou que 16 pessoas morreram em protestos contra o governo nas últimas 48 horas.

Mas Maduro respondeu acusando-a, assim como González, pela violência, e disse que “nunca, jamais” chegarão ao poder.

“Senhor González Urrutia, mostre sua cara, saia do seu esconderijo, não seja covarde, senhora Machado… Vocês têm as mãos manchadas de sangue”, disse em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros.

Machado e González “deveriam estar atrás das grades”, afirmou.

Horas antes, o alto representante da diplomacia europeia, Josep Borrell, havia declarado que “as ameaças” contra esses dirigentes opositores “são inaceitáveis”.

Segundo o procurador-geral da Venezuela, Tareck William Saab, nas manifestações também morreu um militar, 77 agentes ficaram feridos e houve 1.062 detenções.

Um grupo de organizações internacionais, incluindo a Anistia Internacional e a Freedom House, indicou nesta quarta-feira em um comunicado que “diante do uso desproporcional da força documentado por parte das forças de segurança venezuelanas”, exige das autoridades “respeito e garantia do direito à liberdade de expressão, reunião e protesto pacífico”.

Pressão internacional 

A pressão para uma recontagem de votos e o fim da repressão não cessa. “Nossa paciência, e a da comunidade internacional, está se esgotando, aguardando que as autoridades eleitorais venezuelanas digam a verdade” e publiquem resultados detalhados”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

“Vocês parecem ter perdido a paciência com a Venezuela. Então, posso dizer que perdi a paciência com vocês”, respondeu Maduro.

Nesta quarta-feira à noite, o secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, foi mais incisivo e afirmou na Organização dos Estados Americanos (OEA) que González derrotou Maduro.

Nichols deu validade às atas eleitorais compartilhadas na internet por organizações da sociedade civil e pela oposição, que afirma que houve fraude no pleito, e garantiu: “Está claro que Edmundo González Urrutia superou Nicolás Maduro por milhões de votos.”

O Conselho Permanente da OEA havia acabado de rejeitar uma resolução para exigir transparência sobre o processo eleitoral venezuelano, não alcançando a maioria absoluta de seus Estados membros.

Maduro também respondeu ao chamado do presidente colombiano, Gustavo Petro, um de seus aliados, que pediu um “escrutínio transparente, com contagem de votos, atas e com observação de todas as forças políticas do seu país e observação internacional profissional”.

“O presidente Petro é um homem honrado, sério, eu o escuto muito, estou em diálogo com ele”, afirmou.

O Centro Carter, convidado pelo CNE para observar as eleições, afirmou que as presidenciais não se adequaram a “parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral, e não podem ser consideradas democráticas”.

“Temos um grande apoio mundial das principais potências do mundo. A Rússia está à frente e nossos amigos do Irã, Belarus, nossos irmãos de Cuba, Nicarágua, Bolívia, do Caribe”, comemorou Maduro.

“Aceitem sua derrota” 

Centenas de seguidores de Maduro se manifestaram nesta quarta-feira no centro de Caracas para expressar seu apoio.

“Todo o que a oposição está dizendo é para descredibilizar. Eles estão vandalizando, fazendo coisas ruins. Aceitem sua derrota”, disse na marcha Yuli Jiménez, 44 anos, do partido Tupamaro.

Desde que começaram os protestos por uma recontagem de votos, Caracas se mantém praticamente paralisada, com a maior parte dos comércios fechados e transporte público muito escasso.

“Há um ambiente tenso. Os comerciantes estão temerosos de abrir completamente os negócios porque não se sabe o que pode acontecer, se haverá saques, se haverá revoltas populares. Tudo é imprevisível”, descreveu Francisco Fernández, um cozinheiro de 55 anos. (com informações AFP)

Related Articles

Stay Connected

0FansLike
0FollowersFollow
0SubscribersSubscribe
- Advertisement -spot_img

Latest Articles

Translate »