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quinta-feira, julho 17, 2025

Governo brasileiro atende pedido, e corpo de Juliana Marins passará por nova autópsia; governador indonésio admite falhas em resgate de brasileira

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai cumprir voluntariamente o pedido de nova autópsia no corpo da brasileira Juliana Marins, que morreu durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, no último dia 21 de junho. A decisão foi comunicada nesta segunda-feira (30) à 7ª Vara Federal de Niterói, após solicitação feita pela Defensoria Pública da União (DPU).

O corpo de Juliana deve chegar ao Brasil nesta terça-feira (1º) e, segundo a DPU, o exame necroscópico deve ser realizado em até seis horas após o desembarque, para preservar eventuais evidências sobre as circunstâncias da morte.

A decisão de atender com urgência todos os pedidos dos familiares de Juliana partiu de uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou a AGU.

Primeira autópsia

A primeira autópsia foi feita em um hospital na ilha de Bali, no dia 26. Na ocasião, o legista concluiu que a morte ocorreu logo após a queda, em razão de um traumatismo grave.

No entanto, imagens de drones captadas por turistas levantaram dúvidas sobre essa versão e indicam que Juliana poderia ter sobrevivido por mais tempo, sem socorro adequado.

A certidão de óbito emitida pela Embaixada do Brasil em Jacarta não esclareceu o momento exato da morte, o que levou a DPU a solicitar a realização de um novo exame pericial no país.

O procurador-regional da União da 2ª Região, Glaucio de Lima e Castro, afirmou que o governo federal acompanha o caso desde o início, com atenção e solidariedade. Segundo ele, a decisão de antecipar o cumprimento do pedido da Defensoria tem caráter humanitário.

“Devido à natureza da demanda, compreendeu-se que a postura mais adequada seria a de colaborar para que as providências solicitadas pudessem ser operacionalizadas com celeridade e efetividade”, disse.

A AGU solicitou uma audiência de urgência com a DPU e o governo do Rio de Janeiro para definir as responsabilidades de cada ente federativo. A Polícia Federal já informou que pode colaborar com o traslado do corpo até o Instituto Médico Legal (IML) que for designado.

Dúvida sobre omissão de socorro

A principal dúvida em torno do caso é se houve omissão de socorro por parte das autoridades indonésias, o que poderia levar à responsabilização civil e criminal.

O corpo de Juliana foi retirado da região do vulcão apenas no dia 24, três dias após o acidente. A nova autópsia no Brasil deve esclarecer se ela morreu imediatamente após a queda ou se resistiu por algum tempo sem atendimento. (com informações g1)

Juliana Marins durante sua viagem para a Ásia
ARQUIVO PESSOAL/via BBC

Governador indonésio admite falhas em resgate de brasileira

O governador indonésio da província onde fica o Monte Rinjani, Lalu Muhamad Iqbal, rebateu críticas de que seu governo não teria prestado ajuda imediata para resgatar a brasileira Juliana Marins, que morreu no local.

No entanto, também reconheceu que a estrutura das equipes de resgate para lidar com casos como este é insuficiente e prometeu estabelecer medidas de segurança para o turismo no Monte Rinjani.

Em um vídeo intitulado “carta aberta às irmãs e irmãos brasileiros” publicado em suas redes sociais e narrado em inglês, o governador de Sonda Ocidental se disse “profundamente abalado” pela tragédia e assegurou que as equipes de resgate “agiram com urgência e dedicação” desde o primeiro momento que chegaram ao local do acidente.

“Eles colocaram sua própria segurança em risco para cumprir a missão. Muitos deles eram voluntários, movidos apenas pela compaixão e pela humanidade”, disse na gravação publicada neste sábado (28, no horário local), na qual lamentou a morte de Juliana.

O caso gerou comoção no Brasil e críticas às autoridades indonésias por uma suposta demora para agir após Juliana cair em um penhasco. Foram necessários quatro dias para o corpo da brasileira ser encontrado e removido. A família da jovem acusa o governo indonésio de negligência.

Condições climáticas atrasaram resgate

Lalu Muhamad Iqba reforçou o discurso oficial de que as operações de resgate foram dificultadas devido às condições climáticas do vulcão, que ultrapassa uma altitude de 3 mil metros acima do nível do mar.

“A queda livre e a chuva persistente dificultaram os esforços de resgate desde o primeiro dia, tornando difícil até mesmo para drones térmicos detectarem as coordenadas com precisão”, disse o governador.

Ele também argumentou que o terreno arenoso criou um “risco extremo” para a operação de dois helicópteros destacados para o resgate aéreo, devido à possibilidade de areia entrar nos motores.

Na gravação, uma voz masculina sobrepunha imagens das equipes de resgate, onde se vê uma forte neblina impossibilitando a visão dos voluntários.

Falta de equipamentos para resgate

No entanto, o representante indonésio reconheceu que o número de estruturas verticais disponíveis para resgate é “insuficiente” e que as equipes “carecem de equipamentos avançados necessários” para missões como esta.

“Por favor, compreendam que compartilho isso não como desculpa, mas como um reconhecimento transparente de nossas limitações atuais”, disse ele.

Muhamad também prometeu ampliar a infraestrutura de segurança no acesso à trilha.

“Asseguro que tomaremos medidas concretas para reforçar nossa preparação para futuras emergências ou desastres […] Esta montanha deixou de ser apenas um destino de trilhas e passou a ser uma atração turística internacional”, completou. (com informações Deutsche Welle)

 

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