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domingo, outubro 26, 2025

Gourmetização da gastronomia – na revista Facebrasil 70

Na última década, praticamente todo tipo de comida no Brasil passou a contar com a versão “gourmet”, que seria o mesmo alimento, porém, com ingredientes mais caros ou diferentes. A febre da gourmetização pegou desde os pratos servidos nos restaurantes mais nobres do país até o bom e velho hot dog vendido nas ruas. Mas o que muitos demoraram a perceber é que, não raramente, estavam pagando três, quatro vezes mais para consumir a mesma comida com um nome mais chique. O que era sinônimo de sofisticação acabou virando tapeação.

Incialmente, alguns especialistas em gastronomia realmente usaram toda a criatividade para alterar receitas tradicionais de salgados, doces, lanches, pratos e bebidas. O preço um pouco maior acabava sendo considerado justo, já que eram ingredientes de melhor qualidade agregados à comida ou bebida.

Mas logo teve início a fase da tapeação. Durante a Copa de 2014, turistas de todos os cantos do planeta se assustaram com os preços dos alimentos e bebidas vendidos em muitos estabelecimentos. Em um restaurante no Rio de Janeiro, uma “omelete gourmet” custava nada menos que R$ 85. A explicação dada pelo chefe de cozinha é que a omelete era preparada com ervas e temperos finos, mas quem experimentou garantiu que não havia praticamente nenhuma diferença em relação a uma feita em casa.

A Copa acabou, mas os preços abusivos continuaram. A classe média aderiu à moda gourmet e passou a pagar muito mais caro por qualquer tipo de comida. Coxinha gourmet, pastel gourmet, brigadeiro gourmet, feijoada gourmet, enfim, a tapeação passou a ser de praxe. Muitos maus profissionais e comerciantes chegaram a quadruplicar seus lucros.

Incomodados com os rumos que a palavra gourmet tomou, muitos chefes e donos de estabelecimentos comerciais começaram a retirá-la de seus cardápios. Atualmente, o objetivo é tentar conquistar o cliente pela qualidade e técnica do que fazem.

Como fugir dos espertalhões

Quem gosta de comer em restaurante ou mesmo fazer um lanchinho num food truck com frequência certamente já se decepcionou uma ou mais vezes ao pagar por um alimento e sentir que não valeu a pena. É difícil conseguir escapar de todas as armadilhas, mas os especialistas dão algumas dicas:

Pesquise na internet e com amigos por informações sobre a qualidade da comida dos estabelecimentos. Pesquise também o preço médio de determinado prato – lembre-se, o fato de ser mais caro não quer dizer que seja melhor, mas também é preciso fugir do que cobra muito menos que a maioria.

O ambiente deve ser levado em conta. É válido pagar um pouco a mais se o local for agradável, mas isso não quer dizer que o prato deva custar uma fortuna comparado ao mesmo servido em outro restaurante.

No caso de porções, pergunte qual a quantidade (gramas), pois há locais que oferecem porções generosas, enquanto em outros os clientes se assustam com a pequena quantidade.

Antes de decidir se irá ou não fazer uma refeição no local, peça para conhecer a cozinha; atente-se à qualidade dos alimentos e à higiene. Se tiver buffet, verifique a variedade e se os alimentos estão em boas condições para consumo.

Pagar muito mais caro por algo apenas porque está na “moda” é passar atestado de tolo carimbado em cartório. Chique e inteligente é pagar sempre um preço justo por uma boa comida.

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