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sábado, julho 12, 2025

Fed mantém juros e rebaixa prognóstico para a economia dos EUA; no Brasil, BC sobe juros para 15% ao ano e sinaliza fim do ciclo de alta

Conforme o esperado, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve inalteradas, nesta quarta-feira (18), suas taxas de juros pela quarta reunião consecutiva de seu comitê de política monetária, e rebaixou seus prognósticos para a economia e a inflação dos Estados Unidos.

Em meio à mudança da política tarifária do governo de Donald Trump e um aumento das incertezas geopolíticas, o banco central americano manteve suas taxas de juros de referência entre 4,25% e 4,5%, embora siga apostando em dois cortes até o fim do ano.

Em nota, o Fed acrescentou que “a incerteza sobre a perspectiva econômica baixou, mas continua alta”, enquanto o PIB crescerá menos que o previsto e a inflação será mais elevada.

O Fed estima um PIB em alta de 1,4% este ano frente ao 1,7% previsto em março e aos 2,1% antecipados em dezembro de 2024.

Segundo o banco central, a inflação será de 3% e não de 2,7%, como havia previsto em março, segundo uma atualização de seus prognósticos econômicos, apresentada ao final de dois dias da reunião de seu comitê de política monetária.

O Fed prevê, ainda, um aumento do desemprego para 4,5% frente a 4,4% antecipado anteriormente.

O presidente da instituição, Jerome Powell, informou, em uma coletiva de imprensa que, “porque a economia se mantém sólida”, o banco central pode tomar tempo para observar o que acontece antes de baixar as taxas de juros.

“Tomaremos decisões mais inteligentes e melhores se simplesmente esperarmos alguns meses ou o tempo que for necessário para termos uma ideia de qual será realmente o impacto da inflação”, concluiu.

– Pressões do governo –

Pouco depois de o Fed iniciar o segundo dia de reuniões, nesta quarta-feira, Trump voltou a pressionar por uma redução da taxa de juros e a criticar duramente o presidente do banco central, Jerome Powell.

“Francamente, temos um estúpido no Fed, provavelmente não vai cortar [os juros] hoje”, disse Trump na Casa Branca.

“Não temos inflação, só sucesso, e gostaria de ver as taxas de juros baixarem”, acrescentou, antes da divulgação das previsões do Fed.

Trata-se da quarta reunião do banco central americano desde que Donald Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.

O Federal Reserve tem duplo mandato: manter a inflação baixa e buscar o pleno emprego, principalmente aumentando ou reduzindo sua taxa de juros de referência, que atua como motor ou freio para a demanda.

Nos últimos meses, Trump impôs tarifas alfandegárias mínimas de 10% sobre a maioria de produtos que os Estados Unidos importam e percentuais maiores às importações de aço, alumínio e automóveis.

Mas até agora, as medidas não provocaram um aumento generalizado nos preços, em parte porque Trump reduziu ou adiou a entrada em vigor das tarifas mais altas e também porque as empresas se apoiaram em seus inventários prévios para não repassar os custos aos consumidores.

Em maio, o índice de preços ao consumidor foi de 2,4% interanual, frente a 2,3% em abril.

Economistas preveem que levará vários meses para as tarifas se refletirem nos preços ao consumidor, e o Fed está agindo com cautela.

O consumidor, motor da economia americana, parece mais atento à sua carteira. Um indicador publicado na terça-feira mostra que as vendas no varejo recuaram 0,9% em maio.

A escalada militar no Oriente Médio complica ainda mais as previsões. A moderação da inflação, da qual Trump se vangloria, deve-se, em boa parte, à queda nos preços do petróleo, mas o conflito atual pode fazê-los disparar.

“O Fed sem dúvida estaria cortando novamente [suas taxas de juros] neste momento se não fosse pela incerteza relacionada com as tarifas e uma escalada recente das tensões no Oriente Médio”, disse o economista sênior da KPMG, Benjamin Shoesmith. (com informações AFP)

BC sobe juros para 15% ao ano e sinaliza fim do ciclo de alta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, nesta quarta-feira (18), a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, a 15% ao ano. Este é o patamar mais elevado para os juros básicos do país desde maio de 2006, quando o colegiado os havia fixado em 15,25%. Os diretores votaram de forma unânime pela alta.

O Copom voltou a desacelerar a alta dos juros. Na reunião de maio, a elevação foi de 0,5 ponto, após três altas de 1 ponto anteriores. Esta é a sétima vez que os diretores do BC elevam a Selic desde a retomada do ciclo de aperto monetário em setembro de 2024.

Se os parâmetros observados pelo BC se confirmarem, o Copom antevê o fim do ciclo de alta dos juros nesta reunião, com objetivo de analisar os impactos e avaliar se o nível corrente da taxa de juros é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.

Nesse comunicado, o BC passou a se referir ao período em que os juros se mantém elevados como “bastante prolongado”.

“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o Copom.

“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, pontua o comunicado do colegiado.

A autarquia eleva os juros básicos do país com o objetivo de controlar a inflação, isso por meio do encarecimento do crédito e, consequentemente, do controle da demanda. O BC persegue uma meta contínua de inflação de 3% ao ano.

Sobre os riscos para a inflação, o Copom segue observando os fatores que pesam tanto de alta quanto de baixa como “mais elevados do que o usual”.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, indicador oficial do país, registrou, no acumulado dos últimos 12 meses, alta de 5,32%, uma desaceleração em comparação com os 5,53% registrados no mês anterior.

O resultado desta quarta não veio em linha com a expectativa mediana do mercado apurada pelo boletim Focus. Segundo a pesquisa, os agentes econômicos esperavam uma manutenção nesta reunião.

Por outro lado, nos últimos dias, os investidores passaram a se posicionar em ativos ligados a apostas voltadas à alta dos juros. Algumas casas também revisaram seus posicionamentos, como o BTG Pactual.

“Os indicadores de atividade econômica seguiram resilientes, enquanto a inflação de serviços permaneceu pressionada, sem sinais mais consistentes de moderação. Esses fatores, somados à persistência da desancoragem das expectativas de inflação, reforçam nossa avaliação de que será necessário um ajuste residual na próxima reunião”, apontou em relatório.

As últimas comunicações do BC vinham deixando a porta aberta para a possibilidade de novas altas. A sinalização mais clara – e que alimentou as apostas de que a Selic ainda poderia subir – veio do presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, no começo do mês.

“Estamos ainda discutindo o ciclo de alta, o que vamos tomar de decisão. A flexibilidade significa que nós estamos abertos a chegar na próxima reunião para tomar essa decisão sobre o que fazer”, disse Galípolo em evento do Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP). (com informações CNN)

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