O dólar disparou mais uma vez e fechou a R$ 5,99 nesta terça-feira (8), após os Estados Unidos confirmarem a cobrança de uma tarifa extra de 50% sobre produtos importados da China.
Com a medida, a soma de todas as taxas aplicadas pelos EUA contra os chineses chegará a uma alíquota de 104%. As cobranças passarão a valer já nesta quarta-feira (9), informou a Casa Branca.
O resultado de hoje levou o dólar ao seu maior valor desde 21 de janeiro, quando fechou a R$ 6,0302. Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, teve forte queda.
Na véspera, Trump disse que iria impor taxas extras de 50% sobre os produtos importados da China caso o país asiático não desistisse de retaliar os EUA após o “tarifaço” detalhado pelo republicano na quarta-feira passada.
A medida de Trump incluiu uma taxa de 34% contra a China — que, em resposta, anunciou dois dias depois a imposição de tarifas de mesma magnitude sobre itens norte-americanos.
O presidente norte-americano, então, estabeleceu como prazo as 13h desta terça-feira para a China retirar a taxação, o que não ocorreu.
Durante a madrugada desta terça, autoridades chinesas disseram que não voltariam atrás e que estariam prontas para seguir respondendo aos aumentos tarifários. Mesmo assim, o país considera que “em uma guerra comercial não há vencedores”.
Algumas horas depois, Trump chegou a postar em sua rede social que a China quer muito fazer um acordo, “mas não sabe por onde começar”. “Estamos esperando a ligação deles. Vai acontecer!”, disse.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou nesta terça que os EUA estão priorizando seus aliados e parceiros comerciais, como o Japão e a Coreia, nas possíveis negociações para diminuir as tarifas.
O que está mexendo com os mercados?
A situação dos EUA com a China continua delicada. Confirmando a ameaça de Trump, a Casa Branca anunciou mais tarifas contra o país asiático, que agora terá taxas de 104% sobre seus produtos que entram em solo americano.
O aumento da tarifa contra a China veio porque o país não recuou na imposição de tarifas de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA, uma resposta ao “tarifaço”.
“Se a China não retirar seu aumento de 34% acima de seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais à China de 50%, com efeito em 9 de abril”, publicou Trump em sua rede social.
O porta-voz do ministro de Relações Internacionais chinês, Lin Jian, porém, afirmou que a China “vai lutar até o fim” caso os EUA continuem a impor tarifas sobre as importações.
Lin Jian, no entanto, reforçou a visão de que ninguém ganha em uma guerra comercial.
“Não há vencedores em uma guerra comercial ou uma guerra tarifária. O protecionismo não oferece saída”, disse.
O pregão desta terça-feira tinha começado mais tranquilo, guiado por uma percepção de que os EUA podem avançar nas negociações com outros países para evitar uma guerra tarifária.
Além das declarações de Trump na véspera, dizendo que vai chegar a “acordos justos” com os países que procurarem os EUA para negociar as tarifas aplicadas pelo presidente, a União Europeia também voltou a se manifestar sobre o assunto.
Um porta-voz da UE disse, nesta terça, que o bloco quer evitar as tarifas recíprocas e uma eventual guerra comercial com os EUA.
A afirmação vem mesmo após a Casa Branca rejeitar uma oferta da UE de adotar uma política tarifária de “zero por zero” em relação a todos os bens industriais comercializados entre os países do bloco e os EUA.
Nesta segunda, o conselheiro econômico do governo Trump, Peter Navarro, disse que os EUA só aceitariam chegar a um acordo com a UE se o bloco reduzisse suas barreiras não tarifárias, como as regulamentações de segurança alimentar, por exemplo.
Segundo o porta-voz da UE o desejo de chegar a um acordo para evitar as tarifas dos EUA não mudou. “Estamos esperando que nossos colegas americanos se envolvam de forma significativa (nas negociações.”
Com as expectativas de negociações, os mercados europeus e asiáticos tiveram um dia de leve recuperação em relação aos dias de derretimento vividos desde o anúncio das tarifas recíprocas, na semana passada. (com informações g1)



