Por: Flávio Cavalcante
Coluna: Império da Mente
Ontem em uma turma de gestores na qual estava ministrando uma aula o tema High Performance surgiu e o fator motivação desse personagem apareceu. Por isso dedico esse texto a essa turma.
Doenças do desespero foram definidas como diagnósticos relacionados à dependência de álcool, uso indevido de substâncias e pensamentos / comportamentos suicidas como abuso de substâncias, dependência de álcool e pensamentos e comportamentos suicidas.
Em uma revisão bibliográfica feita pela Equipe do IBPG, da qual eu tenho a honra de participar, demonstrou que cresceu nos USA as ‘Doenças do desespero’, dispararam nos EUA na última década, revela uma análise de dados de pedidos de seguro saúde. E agora afetam todas as idades, com pensamentos e comportamentos suicidas entre os menores de 18 anos disparando 287% entre 2009 e 2018, e 210% entre 18-34 anos, mostra a análise. Entre 2015 e 2017, a expectativa de vida caiu ano a ano nos EUA, o declínio sustentado mais longo desde 1915-18. Entre os de 1 a 17 anos, a taxa aumentou 287% e 210% entre os de 18 a 34 anos.
Entre 2009 e 2018, a taxa de diagnósticos de doenças de desespero aumentou 68%. A taxa de diagnósticos relacionados ao álcool, à substância e ao suicídio aumentou 37%, 94% e 170%, respectivamente.
Essa Guerra será perdida antes de começar, é a Guerra do ópio em releitura, mas não por fragilidade de uma geração ou outra, mas porque as armas são as mais anti-éticas da história da humanidade.
Em revisão a um estudo feito em 2021, e ainda inédito, pelo IBPG com 611 Colaboradores de Alta Performance, indicados dessa forma por seus Diretores e Gerentes, foi avaliado que 74% bebiam mais que a média nacional em (21%) quantidade, (53%) frequência e (14%) em ambas. Que 68% está acima do peso, sendo maior que a média nacional. Que 85% se define compelido e necessitando de fatores externos para se manter motivado a bater suas metas.
Esse cenário nos fez desenvolver a teoria da BALANÇA APOIADA EM DESNÍVEL onde nunca chegamos ao valor correto por erro do nivelamento e por isso corrigimos a balança descalibrando-a. Explicitamos da seguinte forma: Profissionais de Alta Performance (High Performers) são muito cobrados por todos, mas principalmente por eles próprios (como dito por 98% dos avaliados no Estudo) para ter alto resultado (Hiper) e todos os dias (Super) pois normalmente trabalham em equipes onde somente ele tem essa capacidade produtiva e pelo fato de empresas Brasileiras (nem todas) dificuldade de fazer girar o ciclo de PDCA e obedecer o Planejamento Estratégico (quando há). As crises constantes também corroboram para que o High Performance seja exigido mais do que o necessário.
Sendo assim, a alta cobrança associada a uma grande frequência faz, assim como em um motor, as pessoas diminuam suas vidas úteis e por isso optem por uma vida mais desregrada e com mais autoindulgências (premiações ou comemorações que fazemos para nós mesmos) afim de se motivar a continuar produzindo. Seja um jantar fora, comer algo que se gosta, beber com os amigos, uso de alguma droga, esportes radicais, jogos de azar, consumismo em excesso… é o famoso: “Eu mereço isso hoje pois meu dia foi difícil” ou “Eu vou me dar esse mimo afinal bati a meta”.
Não sou contra a comemoração tanto que em 2004 lancei o livro: “Atitude P.O.R.R.A. – Programa de Orientação, Realimentação, Reativação de Atitude) defendendo a importância de comemorar suas vitórias, entretanto temos que tomar cuidado para que isso não se torne nossa nova droga, transformando o High Performer em Vitóriadepente (ou como costumo chamar Amantes Mimados do Sucesso).
Referências:
“Tendências no diagnóstico de doenças de desespero nos Estados Unidos, 2009-2018: um estudo de coorte retrospectivo” por Emily Brignone, Daniel R George, Lawrence Sinoway, Curren Katz, Charity Sauder, Andrea Murray, Robert Gladden e Jennifer L Kraschnewski, 9 de novembro de 2020, BMJ Open.
“High Performers – Seu Perfil”, 2021 (ainda em revisão) por Flávio Cavalcante, IBPG – Revista Score