“Ler literalmente muda o cérebro” — a afirmação é da neurocientista americana Maryanne Wolf. Ao contrário da linguagem oral, da visão ou da cognição, não existe uma programação genética nos humanos para aprender a ler.
A leitura implica na aquisição de um código simbólico completo, visual e verbal, assim, permite a criação de circuitos cerebrais. E isso abre portas para um novo mundo.
Mas ler não significa apenas decodificar as letras que compõem o texto, pois, é necessário captar, assimilar e compreender a mensagem que está sendo passada. Cada pessoa que aprende a ler tem que criar um circuito em seu cérebro.
Além de ser uma forma de entretenimento, a leitura é uma ótima maneira de aumentar seu vocabulário e vários estudos recentes indicaram benefícios cognitivos entre aqueles que mantêm o hábito de ler regularmente.
Estudos mostram que leitura, na verdade, tem muitos benefícios terapêuticos. O cérebro entra em um estado meditativo, um processo físico que retarda o batimento cardíaco, acalma e reduz a ansiedade.
A arte de prescrever ficção para curar as doenças da vida, batizada de biblioterapia, foi reconhecida no Publisher’s Illustrated Medical Dictionary, um dicionário médico ilustrado publicado nos Estados Unidos em 1941.
A ficção, em particular, pode transformar os leitores em pessoas mais socialmente habilidosas e empáticas. Os romances, por sua vez, podem informar e motivar, os contos confortam e ajudam a refletir, enquanto a leitura de poesia já demonstrou estimular partes do cérebro relacionadas à memória.
A leitura expande o vocabulário e, assim, é possível expressar pensamentos próprios e sentimentos. A leitura é como uma pílula para dormir, é relaxante e indutor do sono, especialmente quando se está cansado e estressado.
Ler não só ajuda a adormecer, mas também melhora a qualidade geral do sono. Como é relaxante e ajuda a desestressar, a leitura pode levar a um sono profundo e reparador.
Um sinal de alerta
O avanço da tecnologia e a proliferação das mídias digitais, contudo, têm modificado profundamente a forma de leitura.
Apesar de os indivíduos estarem lendo mais palavras do que nunca — uma média estimada de cerca de 100 mil por dia —, a maioria vem em pequenas pílulas nas telas de celulares e computadores, e muita coisa é lida por alto.
Essas mudanças de hábito têm preocupado cientistas, entre outros motivos, porque a transformação de novas informações em conhecimento consolidado nos circuitos cerebrais requer múltiplas conexões com habilidades de raciocínio abstrato que muitas vezes faltam na leitura digital.



