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quinta-feira, julho 17, 2025

Corpo da brasileira Juliana Marins é recuperado na Indonésia e família diz que irá à Justiça por ‘negligência’

Equipes de resgate na Indonésia recuperaram nesta quarta-feira (25/6) o corpo da publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos, encontrada morta no monte Rinjani, um vulcão na Indonésia, segundo autoridade local.

Devido às condições meteorológicas, a recuperação do corpo por meio aéreo foi descartada, segundo Mohamad Syafii, chefe da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas, na sigla em indonésio).

Para fazer o resgate, a equipe de socorristas trabalhou com um sistema de cordas e içamento.

Após a recuperação do corpo, a família da brasileira declarou em nota que irá buscar justiça, por considerar que a publicitária foi tratada com “negligência”.

“Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate. Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva”, postou a família na conta @resgatejulianamarins no Instagram.

“Juliana merecia muito mais! Agora nós vamos atrás de justiça por ela, porque é o que ela merece!”, completou a família.

Desde o acidente, muitas pessoas apontaram que teria ocorrido uma falta de preparo das equipes de resgate, porque o equipamento usado teria sido inadequado e que a resposta foi lenta.

A BBC News Brasil entrou em contato com a Basarnas para pedir um posicionamento sobre estas críticas.

Em seu perfil no Instagram, a agência postou na última atualização do caso que a “evacuação envolveu a colaboração de várias agências e voluntários, trabalhando em terrenos extremos com clima imprevisível”.

“Expressamos nosso mais profundo agradecimento pela dedicação de toda a equipe envolvida nesta missão humanitária”, disse a Basarnas.

“Espero que o próximo processo ocorra sem problemas e que a família enlutada encontre coragem.”

A agência também republicou no Instagram uma mensagem de um usuário com imagens da operação de resgate com a mensagem: “Esse é o terreno, com neblina, às vezes tempestuoso, mente e energia no máximo. Mas ainda há quem os critique por serem lentos”.

À BBC, especialistas em montanhismo da Indonésia que conhecem bem o monte Rinjani avaliaram que de fato o equipamento que chegou ao local pode ter sido insuficiente, mas ponderaram que o resgate pode não ter demorado além do normal ou que o resgate tenha levado mais tempo em função do mau tempo e não por negligência.

A brasileira foi encontrada morta na terça-feira (24) por um socorrista a cerca de 600m de profundidade, de acordo com a Agência Nacional de Busca e Resgate do país.

Juliana havia se acidentado na sexta-feira (20). A brasileira participava de um passeio de três dias quando caiu em uma área de difícil acesso da montanha.

Desde então, várias tentativas de resgate foram realizadas, mas o terreno íngreme, a grande altitude e o mau tempo impediram o sucesso das operações, segundo as autoridades.

“Devido às condições climáticas desfavoráveis, nosso plano inicial de utilizar um helicóptero o mais rápido possível não pôde ser realizado”, explicou Syafiil.

“Nossa segunda opção, após conseguirmos trazer a vítima à superfície, era novamente acionar um helicóptero durante o trajeto — mas, mais uma vez, as condições climáticas não permitiram. Por isso, a evacuação teve que ser feita por maca, o que exigiu um tempo considerável.”

Segundo Syafii, o corpo de Juliana chegou a um posto da agência em Pelawangan Sembalun por volta das 15h50 pelo horário local. Depois, os restos mortais foram transportados a um hospital por via terrestre.

O chefe da Basarnas disse ainda à BBC, antes da família de Juliana vir a público denunciar que houve negligência no caso, que, durante o resgate do seu corpo, a equipe interagiu com a família, com o apoio da embaixada.

“Compartilhamos tudo o que foi feito — desde as ações realizadas até as etapas cumpridas — como parte da responsabilidade moral do governo com a vítima. A família demonstrou apreço pelo que fizemos e por toda a operação”, disse Syafii.

“Demos a eles a oportunidade de responder ou fazer perguntas e, felizmente, a família foi bastante compreensiva com a situação e as condições que enfrentamos, que, evidentemente, nem sempre são como as pessoas podem imaginar à distância, sem conhecer plenamente a realidade no terreno.”

Mapa mostra Monte Rinjani onde a turista brasileira Juliana Marins se acidentou

Operação complexa

O monte Rinjani, com mais de 3,7 mil metros de altura, é o segundo maior vulcão da Indonésia e um dos destinos mais procurados por turistas de aventura.

No local do resgate, cerca de 50 membros da equipe conjunta, composta pela Agência Nacional de Busca e Resgate, policiais, voluntários e guias turísticos tentaram realizar operações de resgate em meio a condições climáticas incertas, na terça-feira (24/06).

O chefe de uma das operações de resgate, Muhammad Hariyadi, disse que o clima imprevisível é um desafio no local.

“O principal obstáculo aqui é o terreno muito íngreme. Além disso, às vezes a neblina no local é muito espessa e não é possível realizar uma busca”, disse Hariyadi.

À agência de notícias Antara, o governador de West Nusa Tenggara, Lalu Muhammad Iqbal, disse que estava tentando obter um helicóptero especial para operações em locais extremos.

A trilha até o cume do Monte Rinjani está fechada por tempo indeterminado. O fechamento será mantido até que o processo de resgate do corpo de Juliana seja concluído.

Na última tentativa de resgate, as equipes concentraram os esforços no avanço direto até o ponto onde Juliana havia sido localizada, utilizando técnicas de resgate vertical, apesar dos grandes desafios impostos pelo terreno rochoso e pelas condições climáticas adversas.

Um grupo de sete socorristas conseguiu se aproximar do local, mas, com o cair da noite, precisou montar um flying camp (acampamento provisório montado no próprio local da operação para pernoite e segurança da equipe).

As operações contaram com 48 profissionais de diversas forças e foram acompanhadas por representantes do governo indonésio e da Embaixada do Brasil.

Trilha difícil

Em entrevista à TV Globo, dois integrantes do grupo de Juliana relataram que a trilha era difícil.

Um deles descreveu a subida como “muito dura” e disse que “estava muito frio, foi realmente muito difícil”.

Outro contou que, no momento do acidente, Juliana estava na retaguarda do grupo, acompanhada do guia.

“Era bem cedo, antes do amanhecer, com visibilidade ruim, usando só uma lanterna simples para iluminar o caminho, que era difícil e escorregadio”, disse.

Segundo relatos da imprensa local e familiares, Juliana teria sido deixada para trás pelo guia Ali Musthofa após manifestar cansaço.

Mas, em entrevista ao jornal O Globo, Musthofa negou ter abandonado a brasileira antes do acidente. Ele afirmou ter sugerido que ela descansasse enquanto ele seguiria um pouco adiante, como já havia sido relatado pela imprensa local.

Segundo ele, o combinado era reencontrá-la um pouco mais à frente na trilha. O guia prestou depoimento à polícia no domingo, após descer da montanha.

A BBC News entrou em contato com a família de Juliana e com a administração do Parque do Monte Rinjani para comentários. (com informações BBC)

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