Iniciei o ano com um novo emprego desafiador: ensinar inglês para crianças entre 3 e 6 anos em uma escola construtivista de São Paulo.
Tive experiência com essa faixa etária anteriormente e gosto muito de trabalhar com os pequenos, mas não é nada fácil. Neste artigo, vou expor alguns dos questionamentos que voltei a me fazer com frequência, sendo o maior deles sobre o ensino bilíngue e bicultural.
No Brasil estamos imensamente preocupados com o ensino do inglês dos nossos filhos, desde o primeiro ano escolar.
Nós, professores e coordenadores, buscamos proporcionar momentos de vivência na língua inglesa que contemplem a cultura de países cuja língua oficial é a inglesa.
Normalmente focamos nos países desenvolvidos, de maior importância econômica e política no mundo atual. Assim proporcionamos um ensino bilíngue e multicultural.
Estudos indicam que crianças bilíngues apresentam vantagens cognitivas se comparadas às monolíngues. “A primeira é uma certa antecipação da consciência metalinguística – eles se dão conta de que o objeto tem palavras diferentes para representá-lo e diferenciam com qual língua falar com cada pessoa”, explica Elizabete Flory, doutora em bilinguismo pelo Instituto de Psicologia da USP, em entrevista dada à revista brasileira Educação.
Garantir essa “vantagem” para nossos filhos parece obrigação, se temos condições financeiras para isso. Nos Estado Unidos, muitos pais também estão preocupados com a questão, e escolas oferecem línguas como espanhol, francês, alemão.
O português tem sido já procurado não só por pais brasileiros, mas também por alguns americanos que consideram a nossa uma língua importante de se falar hoje em dia, dando aos filhos essa mesma vantagem que brasileiros veem em falar inglês. Isso é uma grande honra para nós.
Porém, para os pais brasileiros, falar português em casa com os filhos nem sempre parece ou de fato é suficiente. Por isso, o acesso a uma instituição bilíngue é uma boa opção para garantir a fluência do seu filho nessa língua. Algumas instituições no estado da Flórida oferecem ensino bilíngue em português. Em Miami existe a escola Adda Merrit e a Fundação Vamos Falar Português.
A missão dessa instituição é “propagar a língua portuguesa e promover a manutenção das heranças culturais brasileiras, entre as crianças e adolescentes da comunidade brasileira que vive nos EUA”.
E para proporcionar momentos culturais e prazerosos de leitura e conversas em casa, a plataforma Elefante Letrado disponibiliza um acervo de livros em português para as crianças – e é bonita de visitar.
Sem falar nas brincadeiras que aprendemos quando crianças e que sempre podemos ensinar aos nossos filho e seus amigos, criando um ambiente culturalmente rico em casa. Para leitores jovens e adultos, há sempre a opção gratuita do site Domínio Público, do governo brasileiro, ou livros online disponíveis para compra.
Em um momento em que o Brasil está em destaque, não podemos deixar essa língua e cultura morrerem dentro de nossas casas, não importa onde estejamos ou com quantas outras culturas nosso filhos estejam já entrando em contato.
O Brasil ainda é nossa raiz, o que não se pode mudar, e está “em alta”. Então a dica é aproveitar o lado bom de ser brasileiro e compartilhar isso com seus filhos, sempre.
Taciana Vaz é formada em Letras e dá aulas de idiomas. Autora do blog namochiladataci.blogspot.com.br, gosta de ler e escrever sobre educação, viajar e trocar conhecimento mundo afora.
Revista Facebrasil – Edição 49 – 2015
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