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terça-feira, novembro 11, 2025

“Ainda Estou Aqui” fez história ao ganhar o primeiro Oscar do Brasil – na revista Facebrasil 126

“Ainda Estou Aqui” fez história ao ganhar o primeiro Oscar do Brasil, na categoria de melhor filme internacional. 

O filme brasileiro já estava em destaque, antes mesmo da cerimônia de premiação, ao receber três indicações no Oscar 2025: além de melhor filme internacional, melhor atriz para Fernanda Torres e melhor filme, indicação inédita para o Brasil. O longa também foi exibido em diversos festivais mundo afora, conquistando a aclamação internacional.

A história de “Ainda Estou Aqui” é inspirada no livro homônimo do jornalista e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015 e que fala sobre os terrores enfrentados por sua família durante a ditadura militar brasileira.

Filho do engenheiro e político Rubens Paiva, interpretado nos cinemas por Selton Mello, e de Eunice Paiva, papel dividido por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, o autor fez um relato sobre o assassinato de seu pai e a busca incessante de sua mãe pelo companheiro.

Além do escritor, o casal teve outras quatro filhas: Vera Sílvia, Maria Eliana, Ana Lúcia e Maria Beatriz. Em 1971, durante a ditadura, Rubens e Eunice foram presos junto com Eliana, a filha mais velha. Enquanto a primogênita foi solta na manhã seguinte, a mãe de Marcelo passou 12 dias retida. Já Rubens, desapareceu.

Assim que recuperou sua liberdade, Eunice Paiva iniciou uma busca pelo paredeiro de seu marido, solicitando diversas vezes ao governo brasileiro que investigasse o desaparecimento do engenheiro civil.

A resposta chegou depois de mais de 4 décadas, quando em 2014, a Comissão Nacional da Verdade, responsável pela investigação dos desaparecimentos, confirmou a morte de Rubens Paiva, em janeiro de 1971, após ser torturado.

A primeira metade do filme é o retrato ensolarado de um casal apaixonado e seus cinco filhos, com uma bela casa na beira da praia no Rio de Janeiro. 

Na segunda, as cortinas se fecham e o lar se esvazia com a ausência de Rubens. Eunice preenche esse espaço com o propósito furioso, porém contido de uma mãe que se recusava a chorar na frente dos filhos.

O longa mostra ainda a passagem dos anos, que acompanha um diagnóstico de Alzheimer, trazendo um relato de sua vida com a doença.

Na cena final, a consagrada atriz Fernanda Montenegro toma o papel da filha. A veterana prova em poucos minutos por que é referência, em uma atuação sem falas e um olhar perdido por causa do Alzheimer. 

A forma de Eunice a essa altura pode ser muito diferente da mulher esbelta e elegante do começo do filme, mas o longa mostra que sua situação é a mesma: cercada pelo amor dos familiares como nas primeiras cenas – mesmo que a memória não registre mais.

Com o olhar sensível do diretor Walter Salles, “Ainda Estou Aqui” enfrentou desafios de produção por trás de cada uma das cenas. Desde a preparação do elenco, passando pela caracterização e figurino, além dos cenários, o filme original Globoplay comprova toda a sua aclamação, que chegou ao ápice com a tripla indicação ao Oscar e a conquista do prêmio de melhor filme internacional. Conheça algumas curiosidades sobre as gravações: 

Casa dos Paiva: como a verdadeira casa da família situada na praia do Leblon não existe mais, a produção do filme encontrou um imóvel com uma estrutura bem similar no bairro da Urca, zona sul da cidade. No entanto, para que a locação ficasse ainda mais parecida com o lar dos Paiva, foram necessários 4 meses de obras. Entre as mudanças feitas, destaque para a pintura das paredes, que ficou mais envelhecida, a reconfiguração de alguns cômodos e até o rebaixamento dos muros da fachada. Após o fim das gravações, a casa voltou a ser modernizada e colocada à venda. Após a vitória no Oscar, o prefeito Eduardo Paes tornou pública a intenção de desapropriar o local para virar sede da RioFilme, distribuidora cinematográfica, gerida pela prefeitura do Rio de Janeiro.

Dieta e bronzeado: Fernanda Torres precisou passar por mudanças físicas para a personagem. A atriz perdeu cerca de 10kg para o papel e mantinha uma dieta nos bastidores para manter o peso. A atriz também precisou bronzear todo o seu corpo com maquiagem para ficar com o tom de pele mais parecido com o de Eunice, uma mulher que vivia em frente à praia.

Saga do casaco: um dos grandes desafios da produção de figurino foi encontrar o casaco de pelos que Eunice empresta para Veroca (Valentina Herszage) quando a filha viaja para Londres. Após uma busca pela Europa, uma peça bem semelhante foi encontrada em um brechó no Brasil.

Fotografia vintage: “Ainda Estou Aqui” foi todo filmado com câmeras analógicas. Essa foi uma escolha do diretor Walter Salles, que é fã da estética da película. O filme foi finalizado na França, já que no Brasil não existe suporte para esse tipo de material. 

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