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quarta-feira, abril 24, 2024

A sustentabilidade e a geopolítica

Mais uma vez, as nações reunidas na ONU deram um show de horror que faria “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, parecer um livro infantil e de dar raiva àqueles que levam a sério o tema. Foi perdida em Nova York mais uma oportunidade de satisfazer a vontade da população mundial, que está à mercê de seus dirigentes, clamando por uma liderança capaz de levar seus desejos de um futuro possível. E o quê, afinal,aconteceu? NADA. Mais uma vez, os principais dirigentes mundiais ficaram naquele famoso (e já desgastado) jogo de empurra, melindres, não me toques e esconde-esconde.

Eu explico: a Europa e os EUA se comprometeram a diminuir pela metade o desmatamento até 2020, e em 2030 se comprometem a zerá-lo. O Brasil negou-se a assinar esse documento inócuo, não porque gostaria de prazos e metas menores e melhores, e sim pois não foi convidado para a elaboração do documento. Já a China, um dos principais poluidores do planeta, simplesmente mandou representantes de segundo escalão, que não tinham poder de decisão.

Vamos lá: a Europa e os EUA já desmataram praticamente tudo o que podiam, então, o acordo não deveria ser para parar de desmatar, e sim para começar o reflorestamento.

No Brasil reflorestamento é sinônimo de plantar eucalipto, pois pouquíssimos projetos visam à reconstrução da floresta com espécies nativas. E a China? Ela exporta seus produtos baratos e, com eles, manda produtos encharcados de poluição, baixos índices sociais, degradação do meio ambiente, etc. Esses cuidados com o planeta, seu meio ambiente, as questões sociais e outras mais impactam nos preços dos serviços. Ou seja, quando compramos um produto chinês, estamos endossando toda a sua cadeia de maus-tratos socioambientais, e isso é dumping de preços. Em última análise, somos cúmplices de um crime que merece castigo. Não estou aqui fazendo apologia ao boicote dos produtos chineses, mas não acho certo essa prática.

O Brasil é um capítulo à parte. Somos um país de tamanho continental, produzimos como um país de primeiro mundo em muitas categorias e emporcalhamos o planeta como um país de terceiro mundo. Com isso, perdemos credibilidade interna e externa. O pior é que essa realidade está longe de acabar. Somos o país dos absurdos, que penaliza quem produz, induz o processo de maus-tratos ao meio ambiente, e por aí vamos. Pelo que vejo, isso está longe de acabar.

A verdade é que, em alguns meses, gastaremos mais milhões de dólares para que se faça nova reunião sobre o clima e, com ela, renovamos nosso apelo ao bom senso para que se possa chegar a uma solução mais adequada para o nosso Planeta Terra – e o “ecoturismo” de nossos dirigentes continua.

Por Giovanni Alevato

Revista Facebrasil – Edição 45 – 2014

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